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sexta-feira, 23 de abril de 2010

São Tarcísio, Coroinha Mártir


A figura deste mártir é uma das mais simpáticas da história da igreja nos primeiros séculos. Já tivemos a oportunidade de realçar a memória de vários mártires da perseguição do imperador Valeriano, por volta do ano 258 da era cristã, como o papa Sisto II, São Lourenço, Santo Hipólito.

Tarcísio, flor rubra do mesmo canteiro, pertence à mesma época, a mesma comunidade cristã de Roma, vítima da mesma perseguição.

De uma carta do Papa Cornélio sabemos que naquele tempo a Igreja de Roma contava com 50 sacerdotes, 7 diáconos e mais ou menos 50 mil fiéis; isso, no coração da cidade imperial, a cidade dos ídolos, na fúria das perseguições.

Tarcísio era acólito, isto é, coroinha na Igreja, servindo ao altar nos serviços secundários, acompanhando o próprio papa na celebração eucarística.
No decorrer da terrível perseguição de Valeriano, muitos cristãos estavam sendo presos, processados e condenados a morte. Nas tristes prisões a espera do martírio, os cristãos desejavam ardentemente poder fortalecer-se com Cristo Eucarístico, chamado viático, isto é, conforto na viagem para a eternidade. O difícil era conseguir entrar nas cadeias para levar o conforto eucarístico. Já os dois diáconos, Felicíssimo e Agapito que, disfarçados, cumpriam este piedoso ofício, no fim, foram reconhecidos como cristãos e condenados à morte. Nas vésperas de numerosas execuções de mártires, o Papa Sisto II não sabia como levar o Pão dos Fortes aquelas heróicas testemunhas de Cristo na cadeia.

Foi então que o acólito Tarcísio, com cerca de 12 anos de idade, ofereceu-se dizendo pronto para esta piedosa tarefa. Às objeções sobre sua tenra idade, sobre o grave perigo da morte, Tarcísio rebatia com convicção: que a pouca idade podia até favorecer sua entrada nas prisões, passando desapercebido, como se fosse um parente próximo de algum condenado ao martírio. Relativamente ao perigo, Tarcísio afirmava que se sentia forte, disposto antes a morrer do que entregar as Sagradas Hóstias aos pagãos.

Comovido por esta coragem, o papa entregou numa caixinha de prata as Hóstias que deviam servir como viático aos próximos mártires. Mas, passando Tarcísio pela Via Ápia, a grande estrada ao lado das quais se encontram as catacumbas, uns rapazes notaram sua estranha compostura. Começaram a indagar o que trazia, já suspeitando algum segredo dos cristãos. Ele, porém, julgando ser coisa indigna entregar, no dizer do evangelho, pérolas aos porcos, negou-se terminantemente. Foi, então, por eles batido e depois apedrejado.

Depois de morto, revistaram-lhe o corpo, nada achando do Sacramento de Cristo.

Seu corpo foi recolhido por um soldado, ocultamente cristão, de nome Quadrado, que o levou às catacumbas, onde recebeu honorífica sepultura.

Ainda se conservam nas catacumbas de São Calisto inscrições e restos arqueológicos que atestam a veneração que São Tarcísio conquistou na Igreja Romana. Eis de que heroísmo foi capaz a fé crista mesmo nos jovens.

Tarcísio foi declarado padroeiro dos coroinhas ou acólitos, que servem o altar. Sua figura tão comovente desperte em nós o devoto acolhimento do augusto mistério do Cristo presente, entre nós, na eucaristia.

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